Lendo um texto sobre as relações que terminam por mensagem de texto no celular, pensei sobre uma outra situação que me incomoda: os namoros ou começos de relação que desenrolam pelo mundo virtual. Eu me chateio bastante com isso, já fiquei muito irritada com a escassez de ligações e o exagero em chamadas para bate-papo. Qual é, tão frio e tão distante isso, sem calor, sem emoção. Acho que é o esconderijo dos covardes, eu admito que me escondo também, mas nem tanto quanto muitos. Afinal, ouvir a voz, sentir o cheiro, ouvir a respiração, sentir a energia correndo pelo ar é muito mais prazeroso que esse distanciamento virtual. O virtual é frio e opaco, muito fácil esconder sentimentos e deixar a espontaneidade de lado. Ser quem se é ao vivo e a cores não tem preço, não tem substituto. A vida transcorre aqui e agora, quanto tempo se perde digitando no teclado em vez de correr para os braços de quem se ama. Salvo as circunstâncias onde há uma grande distância geográfica, não há o que justifique o distanciamento virtual, a ausência. Não há o que justifique as lacunas que teclas rápidas despejando palavras deixam em nossa vida e em nosso coração.
Por isso, escrevo aqui esse manifesto, para que nós façamos uma reflexão do quanto perdemos em passar tanto tempo em frente à tela do computador, as pessoas que deixamos de curtir, de tocar, os amores que se perdem entre uma tela e outra, entre uma rede social e outra, entre um bate-papo e outro. Quantas vezes deixamos os livros e as revistas legais de lado para cansar as vistas em frente ao monitor, quantas vezes não ligamos apenas para dizer oi, pensei em você, quero lhe ver. Realmente, é um ganho em termos de aproximar as pessoas, mas uma lamentável perda para o social, o toque, o mundo físico e geográfico.
Prefiro encontrar as pessoas que realmente gosto em uma festa, um encontro informal em mesas de bar ou nas praças, em lindas tardes de sol. Olhar nos olhos ainda é a melhor maneira de sentir uma pessoa, descobrir mais verdades sobre quem amamos. O valor do abraço é reconhecidamente curativo e calmante, o toque é a grande conquista do amor, o beijo é um encontro quase poético. Há mágica na vida, só quem endureceu para não perceber isso, há mágica em tardes de sol e em dias de chuva, há mágica em uma linda canção e uma dança improvisada na sala, há mágica entre olhares trocados ao acordar, há mágica nas salas de cinema e nos baldes de pipoca, há mágica em conversas descompromissadas e em declarações de amor in loco; há vida, mágica e poética no mundo. Nada como uma paquerinha na mesa de um bar, com aquele carinha que a gente curte, que nos curte, nada como conversar olhando no olho e sentindo a vibração da pessoa. Mais realidade, mais engasgadas de emoção, mais beijo na boca, mais mãos dadas, mais abraços, mais vida. E real, não virtual.
Vamos ver quanto tempo dura este otimismo todo! Mas é tão bom curtir uma paquerinha em uma mesa de bar...Parabéns, texto muito bem escrito!
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