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Mostrando postagens de outubro, 2013

Quando me transmutei em mulher

Em termos de amor, sempre fui uma ogra. Fugia desesperada ou botava a correr qualquer homem desajuizado o suficiente para se aproximar. Minha frase sempre foi "os que não fugiram, botei a correr". E escondia meu medo atrás da arrogância e muitas garrafas de bebida alcoólica, atitudes defensivas e humor ácido. O único cara que namorei por muito tempo foi exatamente aquele que não ameaçava meus sentimentos, alguém que decidi ser uma boa namorar, quase pedi para preencher um formulário. Enxerguei nele minha vontade de ter alguém e não a possibilidade de amar e foi exatamente por eu ter absoluto controle sobre as emoções que embarquei. Os outros (poucos) que balançaram meus sentidos e meu coração foram solenemente destratados ou ignorados, até mantidos à distância, tudo em nome desse medo enorme de me entregar, ser rejeitada ou simplesmente de não saber lidar com a perda. Sempre me perguntei como seria se morresse o alvo do meu afeto e a resposta não me agradou. Medo de qu

Sexo, sexo, sexo

Sou da teoria de que sexo cura tudo, mas não o sexo desregrado, sem afeto. Esse também ajuda, mas o sexo praticado com carinho e dedicação, cura até unha encravada. Um casal que faz sexo regularmente consegue desfazer ruídos na comunicação mais eficazmente do que os que apenas estão ao lado um do outro. Acredito no equilíbrio, 50% a 50%, cama e fora da cama. Pensando bem, estamos fazendo sexo mesmo quando não nos despimos, fazemos sexo quando somos carinhosos, quando beijamos singelamente a bochecha do amor, quando respeitamos seu silêncio, quando entendemos a piada apenas de olhar, quando estamos longe, mas estamos juntos. Sexo é a energia vital que pulsa em nosso sangue, é a vontade cruel, atormentada e deliciosa que antecipa a trepada, o beijo na boca que saliva embaixo. Sexo é imaginar você despido, me olhando com fome e matando minha sede. Sexo, meu senhor, é estar com você. É estar em você. Sexo é tão bom que deveria ser obrigatório. Não esse sexo usado como arma, infeli

Loucura, sombras e teias

O gênio, o crime e a loucura, provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio. Fernando Pessoa A loucura é uma caverna. Na loucura é o isolamento da realidade ou a dificuldade em se relacionar com o mundo exterior que predomina, a dificuldade em aceitar ou lidar com as rotinas que nos são apresentadas que minam a capacidade de discernimento e interação com o meio. A loucura é como uma nuvem ou sombra que domina a mente humana, esvanece nossa vontade. Tenho refletido sobre as motivações da loucura, a causa desse tsunami que arrasta    um indivíduo  para longe do mundo ou de si. Acredito que enlouquecer também é refugiar-se, esconder-se em algum lugar obscuro de sua mente para evitar esse fio da navalha que é a vida. Salvo alguns casos (acredito que poucos) em que há disfunções fisiológicas irreversíveis, talvez ceder à loucura seja uma fuga, um esconderijo. Uma caverna. Um lugar em que a resistência em se adaptar, amadurecer

Meu mundo imaginário

Lendo o último texto da Claudia me peguei pensando....às vezes, em um sábado de manhã, quando consigo conversar melhor com minha mãe, depois da correria da semana, pergunto das novidades, e ela geralmente responde, "não tem nada de novo, a vida é assim". Sempre julguei esse comentário um tanto quanto depressivo, mas no fim das contas, essa frase tem sua parcela de verdade, quiça, verdade absoluta.  Quando criança, imaginava que na fase adulta tudo seria completamente diferente e quando cursava a faculdade, também imaginava minha vida profissional completamente diferente. E quando estivesse casada, não sou casada, mas sou tipo casada, eheheh, imaginava que tudo seria completamente diferente. E quando tiver filhos, provavelmente tudo também será completamente diferente do que imagino. Enfim, cheguei a conclusão que "imagino" demais e descobri recentemente que essa grande capacidade imaginativa se justifica astrologicamente, pois analisando meu mapa astral, ve

A tormenta e o beijo

Faz dias que me sinto assim, flutuando e voando, arrastada por um furacão. Faz dias, semanas, que essa ventania veio derrubando muros, mas ainda restam alguns. Continuando como está, não duvido nadinha que ponha abaixo os que sobraram. Faz dias que sinto esse furacão-brisa. Faz dias que somos lutadores de boxe em um ringue, nos avaliando, testando e medindo as palavras e os gestos. Faz dias que nos buscamos e afastamos, faz dias que nos olhamos, faz dias que você recua e volta, faz dias que eu apavoro. Faz dias que quero e tenho medo de querer, faz dias que sinto e sorrio, faz dias que as canções fazem sentido. Faz dias em que vejo o mundo com os olhos da poesia, que escrevo linhas imaginárias em suas costas, que falo "te adoro". Faz dias que busco suas íris e me espelho nelas, faz dias que ouço sua voz mesmo não falando com você. Faz dias que sinto você.  Faz dias que você ouviu meus chamados de tempos, Estranho Imperfeito. Meus textos antigos finalmente encontraram

O falso feminismo e a mulher pseudo-independente

Mulheres declaradas feministas há várias, declaradas independentes, idem. Publicações sobre um tal de desapego, declarações de que homens são iguais e não prestam, do poder feminino, um tal de borrar a maquiagem, eu me banco, saias curtas, fotografias, etecétera pipocam nas redes sociais. Uma eterna vitimização da mulher-coitadinha vítima do homem-predador-safado-acéfalo-tarado. Oi? Eu li isso? Pior, ouvi isso? Explique, minha amiga feminista, então você é a fodona, está certa 100% do tempo, não erra nunca, não pisa na bola e nem fala demais, mas insiste num chauvinista safado que lhe usurpa a vida, o amor e o direito? Ahn? Quando lhe dizem que todas as mulheres são iguais fica p* da vida, xinga até a quinta geração do cara, pobrezinha, mas joga na vala comum todos os homens que conhece, até aquele seu amigo gay fofo e mega sensível que lhe ouve resmungar o dia todo. Todos os homens são iguais, todos são maníacos e chatos, todos traem, todos mentem, todos isso e todos aquilo. Feit

Tente fazer o seu céu azul

Durante muito tempo, a música Pulsos da Pitty foi, digamos, meu hino. E percebo que hoje  ainda é. No que pese os comentários de que as músicas da Pitty são direcionadas aos adolescentes, isso pouco me importa. O relevante em uma música é o fato de a letra tocar sua alma, de alguma forma, despertar algum tipo de sentimento, e pronto, o resto é o resto.  A primeira estrofe da música, que tenho certeza, é do conhecimento de todos, é essa: " E um dia se atreveu a olhar pro alto; t inha um céu, mas não era azul,n o cansaço de tentar, quis desistir;s e é coragem, eu não sei" Como qualquer ser humano que habita a face da terra, minha vida é cheia de altos e baixos, nunca foi, nem por um minuto, segundo, milésimo, um mar de águas calmas. Sempre foi e é uma montanha russa de emoções. Embora você que tenha lido minha postagem anterior possa pensar, mas que contrassenso, antes ela dizia que todo dia fazia tudo sempre igual, agora diz que não goza de uma vida calma. Enfim, a