Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2017

Agora

Eu disse tantas palavras em seu ouvido e elas são apenas suas ninguém as saberá, as escutará ou as repetirá; são suas, tal qual minha saliva, minha pele e, principalmente, meu olhar, esse olhar que só você tem meus olhos verde-gato fixam o profundo dos seus castanhos enxergam infinitos, dores, amores mortos onde você se enconde para não sentir mais dor amigo, amor não é dor amor é vida é calor no peito uma noite mágica um sorriso bobo no meio da tarde uma música legal na madrugada emoções que machucam, ferem, rasgam são tudo, não amor pare de se defender engula seu orgulho dome seu gênio e olhe para mim sorria, aqui estamos outra vez aqui somos nós veja como a sintonia flui alguma insegurança, uma pequena barreira mas somos nós, inexoravelmente, intangivelmente, infalivelmente somos nós a mágica, a poesia, a música e a cor sim, pintamos cores e afetos fazemos arte com nossos olhares, nossos corpos e nossa voz somos eu, você nossos passados já foram, sã

Sobre todas e todos os dias

Quando é noticiado violência contra a mulher, como agressões ou estupros, sempre há pessoas (entre elas algumas mulheres) atacando a vida e hábitos da mulher. Por ser sensual ou não, pelas roupas, por ter filho, pelo comportamento, o que, francamente, mesmo que fosse uma senhora freira, religiosa e que usasse um hábito tapando seus pés também seria motivo para essa cultura do estupro tomar forma. Fosse eu, você ou alguma parente ou amiga sua seria igualmente horrível e asqueroso o ato criminoso que homens cometem todos os dias contra mulheres. Na maioria dos casos não são loucos ou doentes, apenas terrivelmente mal-intencionados.  E qual a parcela de culpa da sociedade nisso tudo? Toda a culpa. Quando hiper-sexualizam a mulher, objetificam e põe uma mulher contra a outra, quando a aparência é julgada, quando o desrespeito é a regra e incentivado, mulheres são e serão estupradas e abusadas todos os dias. Quando o não de uma mulher for interpretado como charme ou falso desintere

Sua casa

Abra a porta, mas não chaveie, a ideia de que esteja preso em mim sufoca,  quero você livre, se desejar ir é porque meu coração não é onde gostaria de estar Valorizo minha liberdade, logo, a sua é importante. Mas não pense que, se a dúvida acometer, aceitarei que saia e volte Mas, se voltar Traga a sua certeza Partilhe sua vida comigo, mesmo em silêncio Gargalhe, sorria Você pode ser a música que falta Esse verso que escrevo E a poesia que ainda virá As janelas que abri foram para esperar sua brisa refrescar minha pele Você pode ser a mão que me segura na queda O abraço que consola meu pranto E o sexo na madrugada de que tanto gosto Se vier, que esteja faminto de mim, de nós traga sua vontade, seu carinho e seu peito Minha vida é a sua casa meu corpo é sua cama, seu prato, seu lençol Sua camisa é meu pijama Sua saliva, meu antídoto Minha pele será familiar Serei sua casa, seu lar Seu abrigo, sua proteção E seu abraço, será, por fim Meu lugar preferid

Equilíbrio

Ela desligou seu coração. Tantas vezes tentou ser ela, se envolver, sentir. E nada. Desistiu do envolvimento, agora era pura carne. Vestiu seu lado predadora e foi assim que decidiu viver, daquele dia em diante. Ela se sente em suspenso, num limbo, mera observadora de sua vida. Nada sente, ninguém abala, remexe ou modifica as batidas de seu coração. Nenhuma ligação ou mensagem a esperar, nenhum toque no interfone, campainha ou o que for. Seu cérebro ansioso CID 10 - F41.1 se transformava em um redemoinho de pensamentos quando seu coração descompassava. É doentio e masoquista ter afeto por alguém, a deixava com pensamentos recorrentes, ideias fixas, dor. P ensando bem, n em relacionamento meramente sexual. Seu mundo fechado e isolado dos outros era confortável. Doente, mas confortável em seu silêncio repleto de barulho, em suas sombras. Filmes e seriados eram melhores companhias do que a presença de um homem. Preferia assim desde sempre, apenas mais jovem não tinha tanta segura

Náufraga

Olhou para suas caixas de remédios, pensou que a morte seria doce, amenizaria aquela dor que sentia. Quantos seriam necessários para matá-la rapidamente? Todos os comprimidos das caixas ou apenas alguns? Sofreria, sentiria algo revirando suas tripas? Sangraria? Não queria morrer sangrando, por isso nunca havia se esfaqueado ou cortado seus pulsos e tinha a dor dos cortes que a apavorava. Havia pensado em veneno, mas seria difícil que alguém vendesse belladona na quantidade necessária para a morte sem fazer perguntas. E seus cachorrinhos, como faria? Quem ficaria com eles? Perguntas demais, ação de menos. Precisava ser rápida, em algum momento alguém da casa questionaria porque havia se trancado no quarto a tarde toda e a noite toda. Saíra apenas para usar o banheiro, não queria se esvair em merda e mijo na hora da morte. Pensara em tomar banho e perfumar-se, mas quem ligaria para ela? Se viva não fazia diferença, aquela solidão a consumia, morta é que ninguém prestaria atenção