Gosto muito da frase "quem vive de passado é museu". Extremamente significativa, encerra nela o fato de que a página deve ser virada, o capitulo esquecido e um novo começado. Simples, mas difícil de ser compreendida por um certo tipo de gente. Há um gueto de pessoas que se recusam a viver, desapegar do que quer que seja e de quem quer que seja, sempre se lamuriando de como a vida os injustiça, de como a morte pode acontecer, de como uma relação pode ter terminado, de como isso e como aquilo pode ter acontecido com eles, pobres e miseráveis coitados. Sempre são vítimas, sempre são mal-tratados, sempre são problemáticos, sempre falta alguma coisa neles, sempre, sempre. Não entendem que a vida é isso, mudança, impermanência, frustrações, aprendizado e é dessa miscelânea de experiências que amadurecemos, evoluímos. Não é no sim que crescemos, é no não, é nas derrapadas, nas rejeições, na dor.
A diferença entre gente como nós que cresce, que aprende, que erra e acerta, que tem problemas mas os supera ou tenta, pelo menos, e esse gueto é que o povo guetiano-sofredor-eterno-rejeitado é que eles usam a dor para manipular, convencer o mundo de que nós precisamos gravitar em volta do umbigo deles. Se consideram as vítimas eternas, mas no fundo mesmo são pérfidos e malignos em sua mesquinhez. Não sabem ser felizes, não valorizam cada dia que passa, cada amizade que tem, cada abraço que recebem, cada realização que fazem, cada reunião familiar, cada oportunidade de criar, realizar e sonhar. Nada os contenta, nada os faz satisfeitos, nunca é suficiente. Tem compulsão em ser o centro do mundo e são fracos de espírito, por isso precisam fazer algum teatrinho para chamar a atenção ou pisar e humilhar quem está por perto.
Podem ser obsessivos, os eternos sofredores. Quando recebem um não martelam a palavra na cabeça o tempo todo "como o mundo pode ser tão incompreensivo com alguém como eu, justo eu, que só sofro?" e nessa ladainha eles infernizam a vida dos colegas, amigos e parentes. Se uma pessoa os rejeita, em qualquer situação, eles não tem a capacidade de entender que é assim mesmo. Na verdade, são prepotentes e arrogantes, mas imbecis demais para ter a dignidade necessária de fazer um mea-culpa e perceber que erram e que só porque foram rejeitados em uma proposta de trabalho ou uma relação de amizade ou afetiva não é o fim do mundo. São o tipo de pessoa que se atira no caixão dos pais chorando e, durante meses ou anos, chorará lembrando de como os pais eram bons ou etecétera. Mas esquecem das vezes que não deram refresco à essas pessoas, enquanto estavam vivas. Não são bons ouvintes e nem bons observadores, desde que suas vontades sejam atendidas, está bom. E, ainda tendo tudo nas mãos, reclamam eternamente.
Tenho pena de gente assim, que não vive, se obceca pela idéia de vitimização e perturbam a quem quer que seja. Se rejeitados, desaforam quem lhes disse não e podem até ser obstinados perseguidores de quem ousar lhes causar qualquer frustração. São fracos e sórdidos de tão egocêntricos. Não sabem dividir a atenção e não sabem se fazer cativar. São aqueles que raream os convites para as festas, principalmente quando os percebem chatos e resmungões de tantas manias e queixas. São os que nunca entendem porque uma relação termina. São aqueles que fazem picuinhas entre seus irmãos e seu pais, em infantis disputas de território. São aqueles que acreditam que seus pensamentos devem ser atendidos e que nunca, mas nunca mesmo entendem que é para a frente que se anda.
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