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Mostrando postagens de janeiro, 2017

Náufraga

Olhou para suas caixas de remédios, pensou que a morte seria doce, amenizaria aquela dor que sentia. Quantos seriam necessários para matá-la rapidamente? Todos os comprimidos das caixas ou apenas alguns? Sofreria, sentiria algo revirando suas tripas? Sangraria? Não queria morrer sangrando, por isso nunca havia se esfaqueado ou cortado seus pulsos e tinha a dor dos cortes que a apavorava. Havia pensado em veneno, mas seria difícil que alguém vendesse belladona na quantidade necessária para a morte sem fazer perguntas. E seus cachorrinhos, como faria? Quem ficaria com eles? Perguntas demais, ação de menos. Precisava ser rápida, em algum momento alguém da casa questionaria porque havia se trancado no quarto a tarde toda e a noite toda. Saíra apenas para usar o banheiro, não queria se esvair em merda e mijo na hora da morte. Pensara em tomar banho e perfumar-se, mas quem ligaria para ela? Se viva não fazia diferença, aquela solidão a consumia, morta é que ninguém prestaria atenção