
As conquistas femininas nos últimos tempos foram um marco na história da humanidade. Depois de um período de obscurantismo e perseguição, as mulheres foram ocupando seus espaços na sociedade progressivamente, mas não sem lutas e dificuldades. Hoje, votamos, somos participantes ativas da sociedade, decidimos sobre nossa vida (várias vezes sobre a vida alheia também, hehehe) e ainda sentimos o efeito do machismo. Tudo em mais ou menos dois séculos e, principalmente, com o feminismo, um movimento que tem o intuito de igualar os direitos entre os sexos, acabar com a violência e o sexismo. Mas o custo emocional para a mulher de toda a sobrecarga da vida moderna tem efeitos que ainda serão devidamente entendidos com o tempo.
Os desencontros emocionais e o acúmulo de tarefas das mulheres, pois os homens ainda não dividem os afazeres domésticos até por culpa da mulher mesmo, são alguns dos aspectos negativos dessa evolução toda. As doenças que antes quase não atingiam nosso sexo também são consequências de todas essas novas atribuições. E eu, particularmente, tenho uma visão muito diferente sobre tudo isso. Acredito que, no fundo, esse feminismo todo e como defendem alguns sexólogos ou terapeutas que priorizar o amor faz mal, que mulher moderna tem que ser independente a qualquer preço, de que é nosso dever vencer na vida (ou no mundo dos homens, como alguns denominam) de qualquer jeito, priorizar carreira, formação sempre a frente de qualquer outra escolha, ser a super tudo, mulher perfeita. E se vencer para mim ou para você é também ter (antes de outras posições na vida) uma família, um trabalho e um lar feliz, isso não é sucesso, inclusive?
A mulher, na ânsia pelo sucesso profissional e financeiro (imagem ativamente incentivada pelos meios capitalistas de vida), esqueceu sua essência pelo caminho, seu lado feminino. De maneira alguma sou contra a ascensão ao mercado de trabalho, ao poder, aos sapatinhos lindos que estão nas vitrines, longe disso. Mas acredito que é necessária uma reflexão sobre onde queremos chegar, nesse momento, e não enfiar mais e mais cobranças em nossas vidas. Longe de mim ser perfeita, quero ter o direito de ser apenas humana. E feminina. E mulher. E mãe (que não sou). Eu, só isso, quero ser eu. Ficar feito uma louca tentando provar que somos superiores, que somos mais fortes, que sobrevivemos em um mundo de homens, que não dá para ter vida pessoal e vida profissional, blábláblá, toda essa conversa moderna que desnorteia nossa vida. É muita cobrança absurda em cima da nossa cabeça desde a nossa infância.
Essa mudança de hábitos é sentida nos relacionamentos, dificilmente conheço uma mulher que não se queixe da falta de postura e atitude dos homens. O que é consequência da revolução dos costumes, mas que leva a um paradigma na vida moderna: é mais fácil ter um emprego do que uma relação afetiva plena (falo daquelas pessoas que realmente sentem uma vibração no coração por alguém e não das que se envolvem por medo da solidão). Acho que a mudança de hábitos não deixou só os homens perdidos, nós também nos perdemos pelo caminho, esquecemos nossa essência feminina. Um exemplo é o verdadeiro horror que a menstruação causa na maioria das mulheres. Eu sou uma das poucas que gosta de menstruar, é a expressão da feminilidade e tem um simbolismo todo em volta, vide as amigas e reportagens que surgem nos meios de comunicação. Mas esse será o assunto da próxima coluna Natureza Feminina.
Acredito que é o momento de haver uma reflexão da mulher sobre o que realmente queremos. Quais são nossas prioridades verdadeiras e quais são exigências impostas por nossas mães, pais, professores, amigas, sociedade. O que esperamos do nosso futuro, o que realmente toca nosso coração. Posso até ser apedrejada por algumas feministas mais radicais, mas creiam, não encontrarão feminista mais aguerrida do que eu. A diferença é que não esqueci que sou mulher, procuro meu feminino o tempo todo em minha mente e meu coração.
originalmente publicado em www.papodemulher.blog.br
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