Acabei de ler um post em uma rede social sobre como delegamos poderes aos outros de nos magoar, entristecer ou enraivecer. Exatamente o que penso, a dor é minha, você causou porque eu permiti. Permitimos o tempo todo invasões, ofensas diretas ou veladas, desamor, migalhas, humilhações. E tem o reverso da medalha, aquela pessoa que praticamente pede que o parceiro lhe dê motivos para ficar, como se fosse o parceiro quem decidisse e não você. Quando pedimos motivos para ficar em uma relação é porque dentro de nós, não há mais motivo algum, sentimento algum e vontade alguma de ficar. Apenas o hábito, o comodismo e o medo. E penso assim porque foi assim comigo e com a maioria absoluta dos ex casais que conheço. Se não tivesse vivido na pele, não me convenceria. Mas meu coração sempre soube todas as respostas que minha covardia e conformismo não me deixavam enxergar. Ou aceitar. Eu deleguei ao agora ex o poder de me dar motivos para ficar, pedia, cobrava e sempre avisei; está me deixando escorrer pelos dedos. Mas eu queria que ele me desse razões para ficar quando na verdade eu sabia que havia acabado. O que nos unia era uma história em comum e algumas neuroses, mas não havia amor em ambos os lados. Quem ama, se importa e esse é o único motivo para ficar.
Quem ama cuida diligentemente se a camisa está cheirando a amaciante, se foi bem passada (sou neurótica com camisas bem passadas, já fiquei mais de meia hora passando uma só, hehehe), se come direito, se os amigos são boa gente, se a vida está legal. Cuida se ela não borrou o batom, se usa vestidos que a realcem, se tem cólica, se quer comer alguma comida diferente, enfim, essas bobagens e outras mais sérias. Quem ama, inclusive, deixa livre, quer que o outro seja feliz. Infelizmente, as pessoas são mais ligadas à relação do que às pessoas. Manter a relação é mais importante do que estar inteiro com alguém. Sei disso, também me prendi mais ao relacionamento do que a ele e vice-versa. Mostrar que mantém alguém ao seu lado é mais importante do que a felicidade do outro e a sua própria. Valores invertidos, infelizmente. Acredito que seja parte desse mundo capitalista, onde ter sucesso (mesmo que aparente) é mais importante do que ser feliz, íntegro.
Dar ao outro o poder de manter a relação é uma maneira de ser covarde. E uma grande oportunidade para ser magoado e driblado. Nos agarramos aos clichês para poder ficar, é como uma cortina em nossos olhos. E o poder de nos manter por perto ou é atitude de gente manipuladora ou transformamos o outro em manipulador; ele (a) aprende que é só fingir que mudou um tempinho para acalmar a fera. Fera calma, volta tudo como antes. E a rapidez com que tudo volta ao que era aumenta à medida que o outro vê que é só manter as aparências de que mudou para, então, ser como se é. A verdade é que somos covardes até para decidir. Para mim foi difícil, muito difícil terminar uma relação de tantos anos, mas dei poder demais a ele e nada mudava, quando quem podia decidir era eu e só eu. Até que um dia, a gota d'água aconteceu. Um balde cheio de tentativas frustradas, de palavras duras, conversas sérias, lágrimas, confusão, angústias transbordou. Não conseguia encontrar mais desculpa alguma que me mantivesse com ele, que segurasse aquela relação.
Percebi que o poder de decidir é só meu. Só eu posso saber o que meu coração diz, só eu posso evitar mais angústias, mais dores, mais desrespeitos. Só eu sou Senhora e dona do meu Destino, só eu posso construir essa estrada, quem manda em mim sou eu. Estrada essa em que me mantenho sozinha, por enquanto. Mas, quem sabe, em alguma curva ou subida íngreme (porque para mim sempre tem que ser complicado, hehe) eu encontre O alguém, O cara. Alguém a quem eu não precise encontrar desculpas que me façam ficar.
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