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Mais do mesmo machismo


Tenho observado esse mundo totalmente maluco e virado de pernas para o ar e cheguei à algumas conclusões. No fundo, apesar do feminismo, das conquistas que nós mulheres conseguimos, apesar do mercado de trabalho estar aceitando e incentivando a mulher, o machismo silencioso e cruel continua sussurrando seus dogmas em nossos ouvidos e mentes. E é no campo afetivo que mais se comprova tal opinião e com seu total apoio, mulher, colega de sexo e agruras. Você, minha amiga, estuda, se forma, tem alguns diplomas em sua parede (ou não), boas roupas e sapatos, seu carro, seu dinheiro. Dá risada quando alguém fala em casamento ou namoro e sai por aí, fazendo musculação para a periquita. Acha isso o máximo. Ou então, você é daquelas independentes falsas, que adoram falar em suas conquistas, mas no fundo, no fundo não consegue ter uma identidade como mulher se seu marido não está por perto. Ele não precisa nem transar com você e amor? Quem falou em amor? Você quer um casamento porque acha que essa é a única maneira de ser reconhecida pela sociedade (lógico que você jurará amor eterno, desde que seu marido fique com você). Ou então, você é uma carente profissional, que puxa sua carteira do bolso para dizer que trabalha, vive dizendo que morre se não tem alguém e gruda no pé do coitado que lhe der bola.

O que esses três tipos de mulheres têm em comum? A falta. De amor próprio. De auto-confiança, auto-conhecimento, auto-estima e segurança. A falta de alguma vergonha na linda face, talvez. E, principalmente, a falta de discernimento sobre sua identidade feminina, sobre sua própria capacidade de amar a si. Elas acham que são amadas, acham que tem as vidas perfeitas, mas quando se trata de relacionamento com o belo sexo masculino são tão alienadas quanto o eram nossas avós. E vou dizer para vocês, minhas amigas iludidas pelos ideais machistas, vocês estão nos atrapalhando. Claro que os homens também carregam esses pensamentos em suas avoadas cabeças, mas são vocês quem estão nos atrapalhando. Porque se todas as mulheres se dessem conta de que é em nosso ventre que a vida se desenvolve, que nosso sangue menstrual é sagrado e divino (e por isso começou o temor ancestral ao nosso sexo), que existimos sim, sem um homem ao nosso lado, tudo seria mais fácil para mim e para vocês. 

Perceber que não precisamos desesperadamente de um casamento, de um homem e de filhos simplesmente porque é isso que a sociedade espera de nós, ela própria, a sociedade, dotada de hipocrisia e falta de amor em todos os níveis. Perceber que precisamos ser felizes em nossa solidão, ter fé na vida e em algum Deus, acreditar que qualquer transformação em nosso mundo vem de nós e que esse amontoado de homem perdido veio de seu ventre e foi você quem o educou de maneira machista. Perceber que nem vocês são felizes nesse vazio que é a sua vida feita de mentirinhas sociais e padrões modernos falsos, que são mais uma escravidão para nós. Perceber que filhos não são parte de você, mas pessoas independentes que levarão seu exemplo para a vida adulta. Perceber que você precisa se ver como um ser completo, cheio de vida e que você e só você é responsável por suas escolhas. 

Desprenda-se desse mundo falso. Sexo sem compromisso afetivo algum é mecânico, você vai provar o quê para quem transando com todo mundo? Certamente, sua auto-estima não infla com isso. Se inflar, você precisa fazer musculação para o cérebro. Casamento apenas pelo casamento é uma falácia. Conheço poucos, muito poucos casais que estão juntos pelos motivos certos. A maioria é por hábito, por carência, por medo do desconhecido e, lógico, pelo dinheiro. Sem ofensas. E mulher, essa sua carência absurda só vai lhe magoar ainda mais e fazer com que você se transforme naquela tipo de mulher que se submete a qualquer situação para ter um homem.

Amor, na verdade, vem de dentro. De mim. De você. Amor não é moeda ou barganha. Na verdade, o que eu e você queremos, minha amiga, é o mesmo. Afinal, essa história de queimar sutiã é tão ultrapassada que chega a ser ridícula, adoramos nossas lingeries. Feminismo é bom, mas desde que não seja da boca para fora e nem inflexível. Independência financeira é mais fácil de todas as independências. Agora quero ver você bancar suas escolhas, não viver a vida de um homem, não perder sua feminilidade apenas porque assim o mercado de trabalho diz que tem que ser, mandar seu marido viver a vida dele que você vai viver a sua e de noite, vocês se encontram (ou não), fazer seus filhos terem igualdade de tratamento e, principalmente, entender que a única criatura que faz você realmente feliz é essa, bem à sua frente quando você se vê no espelho. Você.

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