Pular para o conteúdo principal

Manual da TPM para homens





Caro Homem Moderno, você precisa de umas dicas para sobreviver à nossa TPM. Sabemos que, para você, é uma verdadeira odisseia passar seus dias e noites com uma mulher que oscila de humor e atitude ao menos uma vez por mês. A primeira delas é: tenha juízo e caia fora. Mantenha distância absoluta, ainda mais se você não for o tipo de cara que sabe lidar com diferenças. Já entendi que você ignorou meu primeiro conselho, então, não reclame. Deixou de lado o bom senso e permaneceu por perto de uma mulher em TPM. Apesar do meu aviso, resolveu ficar ali, cuidando e acariciando sua linda amostra do Apocalipse. Para que você consiga passar indefinidamente por esse período com o mínimo de danos, recomendarei algumas atitudes muito salutares (ao menos para você).

Entenda o princípio  de tudo. Sofremos todos os meses um bombardeio hormonal a fim de ovularmos e, posteriormente, menstruar. Não é fácil a tempestade emocional de uma mulher, afora os eventuais desconfortos físicos, como cólicas, enxaquecas, intestinos presos ou soltos, inchaços, algumas vezes apetite voraz e, quase sempre, crises de choro ou discussões sem aparente motivo. Tomar pílula anticoncepcional pode aliviar os sintomas físicos, mas emocionalmente é complicado. Nosso corpo é treinado e programado ancestralmente para essa oscilação. Podemos dar uma volta na natureza, mas enganá-lá é impossível. Então, ela sempre dribla nosso engôdo hormonal e dá suas caras, nos transformando em meio malucas, meio carentes totais. Você precisa entender que não é nada pessoal, não queremos matá-lo, trucidá-lo nem nada parecido. Hum, só um tantinho assim, coisa pouca. Se voar um copo ou algum objeto cortante em sua direção, não leve a sério. Nada contra você, mas como está por perto, será nossa vítima preferida. Então, decisões devem ser evitadas, implicâncias bobas, pedidos simples. Queremos distância de você, mas se sair de perto, sofrerá as conseqüências em chantagens emocionais, choros e acusações como "não me entende, nunca entendeu", "não me ama", "vai lá para sua mamãezinha", vai tomar cerveja com aquele bando de vagabundos que são os seus amigos" e outras pérolas do nosso mensal infortúnio. 

Sua mulher é louca o tempo todo? TPM não é, querido. Melhor fugir para algum lugar muito distante. Ou, então, você é um chato de galocha e inferniza tanto essa mulher que merece ser importunado. Mas uma vez por mês, ela vai oscilar. Pode ser que um mês seja a terceira guerra mundial e, noutro, ela fique mais calma, só um pouco emotiva, mas nada que você não consiga contornar. Tenha certeza de que não será em todos os meses que o Apocalipse chegará em sua casa, mas saiba de que ele virá. Estar emocionalmente preparado para isso e entender que você nos ama justamente por sermos mutantes, lindas, cheirosas e um tanto malucas, no bom sentido, sem excessos e nem exageros. Sua amostra do caos está com enxaqueca? Escureça o quarto, faça um carinho, fale baixo (ex-mulheres, ex-namoradas ou a sua mãe são assuntos proibidos). Prepare uma comida que ela goste, não a importune. Afinal, essa linda amostra do Apocalipse é aquela parceiraça que faz você rir, falar por horas a fio, ouvir canções lindas e lhe dá alguns dos melhores momentos da sua vida. Ela lhe faz viver, querido.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eu em mim

Eu estive aqui ontem. Hoje, sou outra a surgir. Eu estive aqui há um mês. Hoje, não quis voltar a dormir. Eu estive lá há um ano. Voltei agora e eu não sou o mesmo lugar. Eu me apaixonei há quatorze meses. Hoje, sou outra e não amo. Eu amei profundamente há três anos. Hoje, lembro com um afeto intenso, mas é outro o coração que pulsa. Eu me namoro hoje. Há oito meses queria morrer. Não sou a mesma em mim, mas somos as mesmas em processo de mudança. A Claudia melancólica, a Claudia fechada, a Claudia vibrante, a Claudia sombria, a Claudia falante. A Claudia quieta. A Claudia poeta. A Claudia que é a água de um rio, o sopro do vento, a chama da vela e a floreira da orquídea. A Claudia que me habita e a quem amo muito. A desesperança e o desânimo são intangíveis e impermanentes.  Meu amor por mim é árvore, que cresce um pouco todos os dias. Sou eu em mim, na mudança do hoje e do amanhã.

Meio ogra, inteira sua

Poderia me descrever de várias maneiras, exaltar minhas qualidades e fazer você acreditar que sou a Branca de Neve esperando pelo seu príncipe, o que não é verdade. Para começar, digo a você que sou meio ogra, grossa e desastrada, que ando avoadamente nas ruas e, algumas vezes, quase fui atropelada. Posso comentar, inclusive, sobre minhas TPMs ferozes e que não saberá se chorarei ou terei raiva de alguma situação. Mulher-Iceberg, tenho um coração que se derrete mas que também congela. Impulsiva quando o sangue ferve, quando resfria vem a calma e o arrependimento. Não pergunte o que sinto, perceba quem sou. Observe minhas janelas verdes e saberá cada nuance das minhas emoções e onde escondo os sentimentos, siga meus passos e descobrirá a caverna escura onde me escondo. Posso afirmar que gosto de gente, mas adoro ficar sozinha. Gosto de cuidar dos outros, mas preciso e muito que cuide de mim. Não uso biquíni, não viu à praia, não gosto de areia e não me bronzeio, embora, mo