Eu sou inteira,
apesar dos meus 1,56m de altura. Não sou metade que precisa se encontrar em uma
saliva, em uma boca, em um corpo que não seja o próprio. Vivo bem sozinha e
tenho momentos em que nem quero estar entre as minhas amigas, quero minha
companhia e só. Acho estranho que gente que diz viver bem sozinha não consegue
aguentar as paredes do quarto e escutar a própria respiração, seus ouvidos
receptarem a própria voz, que sempre tem que estar entre pessoas ou ter algumas
ou alguns parceiros sexuais para achar graça na vida. Eu preciso apenas de mim.
Muitas vezes, quero conversar pelo telefone com alguém, contar alguma angústia
ou alguma alegria, mas é porque minhas emoções nunca cabem em mim e não por
causa do meu tamanho. Minhas emoções são fortes, profundas, intensas. Não sei
viver diferente e nem quero conhecer outra maneira de ser.
Gosto de ser assim e ponto. Alguns interpretam como insegurança, mas acreditem, tem que ser forte para poder peitar o medo e se abrir. Não é ingenuidade. É força. Faço terapia sim, embora minha psicanalista já tenha sugerido a alta, eu não quero. E não é por medo de me jogar ao mundo. É porque ela é a pessoa mais isenta que eu conheço, indica caminhos que o senso comum desconhece ou fecha os olhos. Na verdade, ela não diz o que eu tenho que fazer, ajuda a descobrir como fazer.
Gosto de ser assim e ponto. Alguns interpretam como insegurança, mas acreditem, tem que ser forte para poder peitar o medo e se abrir. Não é ingenuidade. É força. Faço terapia sim, embora minha psicanalista já tenha sugerido a alta, eu não quero. E não é por medo de me jogar ao mundo. É porque ela é a pessoa mais isenta que eu conheço, indica caminhos que o senso comum desconhece ou fecha os olhos. Na verdade, ela não diz o que eu tenho que fazer, ajuda a descobrir como fazer.
Eu sigo nessa
estrada observando muito, muito mesmo. Sempre alguém tem uma ideia melhor para viver
minha vida, mas ainda acho que sei mais sobre minha pele. Afinal, são anos de
convivência comigo. Anos em que tive que ficar sozinha trancada em meu quarto
decidindo, eu demoro para tomar uma decisão, mas quando eu decido, eu decido e
ponto final. Não olho pra trás. Brinco que sou ruminante de ideias. Fico um bom
tempo decidindo, pensando, avaliando e quando a situação se define mesmo,
pratico a decisão. Por isso, sou inteira. Quero sim ter alguém, um parceiro
para dividir a vida, os sonhos, os planos a cama e o coração. E por ter essa
vontade, não vou desperdiçar minha energia em relações fugazes, inúteis.
Metades não
interessam, quero inteiro, repleto, transbordante; quero um homem que tenha
seus defeitos, como eu, suas fragilidades, como eu, mas vontade de se doar, se
entregar à vida, a mim. E que me receba, também. Quero silêncios compreensivos,
quero ter a certeza de que há aquela mão estendida e aquele abraço apertado.
Quero entender pelo olhar, pressentir a pessoa e suas emoções. Quero domingos à
tarde, cinema e pipoca. Quero alguém enxugando minha lágrima escondida, rindo
baixinho e se comovendo comigo. Quero que me comova, também.
Percebi a tempo que
essa vida de corpos e bocas não é real, é ilusória, que não quero um pouco da
vida, quero tudo; tudo que é bom e intangível. Se perder em um mar sem fim de
corpos e fluídos não me farão melhor, tenho a autoestima em alta, sei do
meu poder. Quero tocar sim e ser tocada, mas pelo Homem certo para mim. Ainda bem,
ele não é quem você acharia certo.
Em meu mundo
peculiar, o que me basta é talvez idealista demais, mas não impossível.
Impossível é ser feliz e sensível levando uma vida vazia, fútil. E sou
sensível, sim, acreditem. Todo esse som e fúria é defesa, sempre foi. Não que
eu não tenho minhas exasperações, mas quem aprende a estar sempre na defensiva
tem dificuldade para baixar a guarda. Mas eu quero sim, me perder e me
encontrar, por mais clichê que seja, em um único par de braços, uma única boca,
um único você. Onde quer que você esteja e quem quer que seja, dono do meu
coração, quero que saiba que estou aqui. Mas não esperarei para sempre.
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