Apesar de escrever sobre arriscar-se e tal, conversas em bares ou com amigas, confesso que sou medrosa demais. Me escondo nessa caverna porque aqui as sombras são conhecidas e até os morcegos me entendem. Aqui é fácil viver, o mofo na parede é o mesmo há anos e a escuridão me é confortável. Minha voz tem eco e isso me faz bem. Não me arrisco, não me arranho, não me parto. Poucas as vezes em que arrisquei, super-bonder nenhum consertou o estrago. Não vou mais me machucar e, pior, admito que minha zona de conforto é adequada. Acho que nunca mudei minha vida por nada e nem por ninguém, mudei um tanto só pela minha mãe, mas mãe merece. Mas sei que se me apaixonar e for correspondida, isso tem que mudar. Tenho muitos medos, muitos. Digo que quem me quiser terá que merecer, se esforçar. Porque não sou fácil. Escorregadia, arisca, esquiva, fujona, desconfiada, escaldada, analítica, não há um desses adjetivos que não diga respeito a mim. Viver minha pele não tem sido simples ou le...
Uma mistura confusa de objetividade e sensibilidade, de mulher e poeta, de gente e de sonhos. Metade noite e pensamentos, metade ativa e solar. Como Perséfone, que inverteu a ordem do Reino do Submundo.