Faz dias que me sinto assim, flutuando e voando, arrastada por um furacão. Faz dias, semanas, que essa ventania veio derrubando muros, mas ainda restam alguns. Continuando como está, não duvido nadinha que ponha abaixo os que sobraram. Faz dias que sinto esse furacão-brisa. Faz dias que somos lutadores de boxe em um ringue, nos avaliando, testando e medindo as palavras e os gestos. Faz dias que nos buscamos e afastamos, faz dias que nos olhamos, faz dias que você recua e volta, faz dias que eu apavoro. Faz dias que quero e tenho medo de querer, faz dias que sinto e sorrio, faz dias que as canções fazem sentido. Faz dias em que vejo o mundo com os olhos da poesia, que escrevo linhas imaginárias em suas costas, que falo "te adoro". Faz dias que busco suas íris e me espelho nelas, faz dias que ouço sua voz mesmo não falando com você. Faz dias que sinto você.
Faz dias que você ouviu meus chamados de tempos, Estranho Imperfeito. Meus textos antigos finalmente encontraram seu destinatário e estão perfeitamente encaixados em sua boca, seus olhos, em você. Hoje, meus textos tem um rosto, um corpo, uma voz e seus olhos. Meu turrão, teimoso, emburrado, eu não sou tão simples assim de lidar, mas também sou mais inofensiva do que aparento. Perca o medo e me desvende. Ainda sou um animalzinho arisco, há hábitos arraigados em mim e ser defensiva é um deles. Gosto de sentir sua falta, mas gosto ainda mais da sua presença. Gosto quando me liga para relembrar algumas situações que vivemos, gosto quando me toca, me afogo quando me olha, my lord. Você entrou como uma tormenta em minha vida, esvoaçando meus papéis virtuais e reais, derrubando portas e abrindo janelas. A diferença entre a tempestade e sua presença é que não quero que vá embora, quero que continue assim, fazendo barulho, me desacomodando, me remexendo. Pedi tanto por você, entoava mantras em sonhos e textos. E você veio, chegou com tudo e revelou seu rosto em um beijo. Senti turbilhões e ondas que marejaram minha vida e meus olhos. Senti você. Deve ser um mago disfarçado de tormenta que me roubou de mim. Mas não quero que devolva, seja meu algoz sempre. Atormente meu coração e minha pele, acelere minha pulsação.
Brigue comigo, mas me beije. Seja carinhoso mesmo quando sou rebelde. Aliás, somos os dois rebeldes. Mas não grite comigo, não seja grosso. Sou frágil, embora faça da minha fragilidade uma força, quero apenas seu abraço quando tenho medo. E sinto muito medo, deve imaginar o motivo. Quando estive assustada e desamparada, foi seu abraço que me acolheu. Foi em seu peito que meu medo se desfez. Por favor não se assuste, meu tormento preferido, Estranho Imperfeito. Sentimentos não foram feitos para estar apenas no peito, eles estão nessas e em outras linhas, estão nas bobagens que falo para você, nas risadas e nos beijos. Meus sentimentos flutuam em volta e se assanham ainda mais quando estamos juntos ou distantes, quando pensamos um no outro, quando adivinho suas ligações e suas atitudes. Sim, eu sinto sua presença e o telefone toca ou o bate-papo se abre. Chame do que quiser, eu chamo por vários nomes. Mas é geralmente o seu nome que denomina esse fenômeno. E, preciso confessar, meu nome pronunciado por você é muito mais bonito. Homem-tormenta, me bagunce, me tumultue, me revire, me aprisione. E sempre, mas sempre mesmo, me beije.
como é doce e atormentador o início, é tão inspirador que dá até vontade de sempre reiniciar e reiniciar
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