Mulheres declaradas feministas há várias, declaradas independentes, idem. Publicações sobre um tal de desapego, declarações de que homens são iguais e não prestam, do poder feminino, um tal de borrar a maquiagem, eu me banco, saias curtas, fotografias, etecétera pipocam nas redes sociais. Uma eterna vitimização da mulher-coitadinha vítima do homem-predador-safado-acéfalo-tarado. Oi? Eu li isso? Pior, ouvi isso? Explique, minha amiga feminista, então você é a fodona, está certa 100% do tempo, não erra nunca, não pisa na bola e nem fala demais, mas insiste num chauvinista safado que lhe usurpa a vida, o amor e o direito? Ahn? Quando lhe dizem que todas as mulheres são iguais fica p* da vida, xinga até a quinta geração do cara, pobrezinha, mas joga na vala comum todos os homens que conhece, até aquele seu amigo gay fofo e mega sensível que lhe ouve resmungar o dia todo. Todos os homens são iguais, todos são maníacos e chatos, todos traem, todos mentem, todos isso e todos aquilo. Feito, mas começo a acreditar que não são exatamente os homens que passaram pela sua vida os errados, mas você.
Pense bem, amiga, quantas vezes você traiu? Quantos dos seus ex são filhos da puta? Quantas vezes ficou você, ali, batendo boca sozinha, por uma bobagem que só você acredita? Por uma gaveta que ficou aberta, por um prato que esteve fora do lugar? Costumo afirmar que um tipo de mulher, e nesse tipo entram até algumas amigas, tem o poder de transformar um cara legal num traste. Você resmunga por algumas situações, algumas que merecem o resmungo, outras não, bate o telefone, fala mal dele para todos e, dias depois, está com ele. Quem é a sem-vergonha, afinal? Quem, mas quem criatura, perdeu o bom senso? Sabe, essas postagens nas redes sociais que também são comuns em lábios femininos encheram o saco. Sartre fez uma merda muito grande afirmando que o inferno são os outros. Uma frase dessas é a desculpa perfeita para quem erra, erra, mas nunca assume as consequências. Como você, sua feminista de meia pataca, uma independência que acaba quando o fulano-que-você-ama-odiar, mesmo ganhando menos ou não arcando com despesa alguma, manda ou pede-com-jeito-de-ordem que você faça isso ou aquilo, não converse com a fulana ou beltrana, não use tal roupa e tal. Quando a relação termina, depois de uma neurose sem fim olha-o-telefone-atende-desliga, uma preocupação desmedida com ELE, sim o tal safado que não presta e que você não desgrudará até a humilhação derradeira, você ainda diz que ele podava suas atitudes. Oi? VOCÊ se podou sozinha. Lógico que abdicamos de algo quando nos relacionamos, mas que seja razoável. A escolha é sua, sempre sua.
Enquanto esse discurso de vítima continuar, de que homem não presta, homem mente, homem isso e aquilo, nós perpetuamos o preconceito, a misoginia e deixamos que uma Lei Maria da Penha seja inócua. Enquanto você ganhar seu dinheiro, mas viajar apenas se ele for, deixar os seus interesses de lado por causa de um cara que nem te compreende ou é tão legal assim, você é a machista da relação. Enquanto afirmar que o filho é da mulher, que homem não se apaixona, que homem não sente, que homem não isso ou aquilo, VOCÊ é a machista. Engraçado não, como a mulher é sempre a certa e o homem o errado. Tem algo estranho nisso aí. Sua afirmação de que mulher independente assusta até tem sentido, mas porquê as mulheres se submetem a ser dominadas mesmo sem precisar e fazem disso seu calvário. Se todas as mulheres entenderem que ser independente não está na conta bancária, mas no sangue, que não precisamos viver em função de homens, que nossa Identidade está na personalidade que desenvolvemos, em assumir quem somos e não enxergar problemas em ser feliz, sozinha ou acompanhada, os homens mudam. A Sociedade muda, entenda, se você, cidadã, mulher, contribuinte e agente do seu destino, mudar. Autonomia significa pensar e viver por inteiro sendo você.
Esqueça esses discursos pré-formatados das rancorosas feministas de outrora que queimavam seus sutiãs. Esqueça de que ser vaidosa é coisa de mulherzinha, aliás, que mal há em ser mulherzinha, em alguns momentos? A feminista moderna entende que o mundo mudou, que as tecnologias vieram para ficar, mas que homens e mulheres são diferentes, sim. As relações gays masculinas e femininas são absolutamente diferentes. Nós menstruamos, aceite isso. Aceite que nosso ciclo menstrual tem três fases distintas e que os sintomas emocionais não desaparecem com o uso da pílula. Aceite que se você dá neurose, é isso que receberá. Aceite que amor-próprio não significa arrogância. Aceite que ser sexual não tem nada a ver com ter vários amantes ou não, mas em como você lida com seu próprio corpo, em como você busca seu prazer. Aceite que amor existe sim, mas que, sua maluca, deve ter espantado alguns sujeitos bem intencionados que se aproximaram e trouxe para perto outros sujeitos tão mal resolvidos como você. Aceite que estufar o peito siliconado (ou não) para dizer que é independente, mas ficar se humilhando na noite, dando em cima de um cara que não quer nada com você, que está acompanhado e que só brinca com a sua cara é falta de auto-estima. Aceite que agir como um pedaço de carne pendurado no açougue não fará de você mais mulher. Fará apenas mais uma na multidão.
Seja coerente, se reinvente. MUDE. O princípio da impermanência é o que nos rege. Pense em seu padrão de comportamento, em suas relações anteriores, em como lida com a sua vida e suas emoções. Pense em seus pais e se não estará (inconscientemente) repetindo os padrões retrógrados deles, mesmo que você não admire a relação deles. Se ame, dê vexame por você. Ria dos seus erros e da sua cara-de-pamonha-mofada quando fez bobagem. Se perdoe. Seja você, na plenitude e beleza de ser mulher.
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