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Confetes fora de época


         

Confesso que já pulei Carnaval, que muito fui à clubes, mas era mais nova, mais disposta e quase todos os amigos também frequentavam o mesmo clube. O momento em que deixei de ser entusiasta da época foi em uma noite, acho que no domingo de Carnaval, em que me perguntei o que raios eu faço aqui? Desde aquela vez, nunca mais tive a mesma vontade. E nem gosto de praia no feriado, muito cheia, muito agitada e muito suja, se for para viajar, que seja ao encontro da paz. Tenho preferido a calmaria ao agito, não que deixe de ir em algum lugar, como a casa de amigos, mas lugares e carnaval de rua, nem pensar. Não sou avessa à comemorações, apenas prefiro o conforto de casa ou de uma Pousada.

Os humanos deixam aflorar seus instintos no Carnaval como se não houvesse amanhã, como se fosse a única oportunidade para se divertir, rir, ser feliz. Parece um momento muito fugaz, distante, como se ali é que a vida valesse a pena. Eu acredito que a vida vale a pena todos os dias, que essa catarse coletiva é mais uma fuga e uma indústria do que diversão efetiva e era uma festividade pagã que a Igreja adotou. Aliás, acredito que não é preciso uma data para a vida, o sorriso, a dança. Esse também é um dos motivos pelos quais eu não sou muito fã das festas de final de ano. Para mim, a data certa para celebrar a vida, a renovação e as conquistas (ou a vontade delas) é o nosso aniversário. Jogar confetes é ideal no aniversário, essa é a data que eu mais gosto, que me faz realmente comemorar e celebrar cada momento em que vivi.

Então, sugiro o seguinte, faça de seu aniversário o dia mais importante do ano, mais festivo, mais digno dos confetes espalhados pelo chão e dentro dos calçados. Encha sua casa de balões e serpentinas, se jogue na dança e na alegria, celebre. Celebre mais um ano, mais um dia, mais um momento em que você percebe que o grande presente é estar vivo, estar entre os que fazem valer a pena essa sua passagem pelo planeta Terra. Insisto sempre nisso, que de nada adianta tirar quatro dias no ano para ser (ou fingir ser) feliz quando há um brinde diário lhe esperando, quando o ápice de sua vida é o dia de seu natalício, o dia em que sua mãe viu seu rostinho pela primeira vez, há tempos.  Então, em seu próximo aniversário, faça um carnaval, um baile de máscaras, faça do seu dia um feriado particular. E seja feliz por estar vivo.

publicado originalmente em www.papodemulher.blog.br

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