Caro estranho, eu, que não sou fã dessa palavra, precisar, descobri por força das circunstâncias que preciso. Preciso ser amada por você, toquei algumas vidas durante a minha, mas quero tocar o coração de alguém, o seu. Faça o favor de deixar minhas asas de borboleta-bruxa que sou tocar seu coração. Minha vida nos últimos tempos tem sido de muita reflexão sobre as escolhas que fiz e as que devo fazer. Sei que transformo as possíveis relações amorosas em uma queda de braço com minha vaidade e orgulho, mas entenda, é tudo defesa. Aprendi a ser defensiva desde a infância, não é bem assim para romper com esse padrão. Na hora da raiva penso, penso e faço o que não devo, sei disso. Mania de nunca me arriscar, eu que sempre falo em risco. Meu grande medo é morrer sem saber o que é ter alguém por mim, que cuide de mim, que se importe. Você pode até achar que exagero e desfaço das minhas outras relações, mas a verdade é que nunca, mesmo na adolescência, soube o que era alguém que me olhasse com amor e cuidado. Não quero perder um ente querido sem ter seu abraço forte e seguro me amparando. Não quero ver quem eu amo partir e perceber que estou sozinha, sem pai, mãe, ninguém. Ser mais uma mulher morando sozinha e conversando com o cachorro.
Eu preciso de você não como uma necessidade tipo respirar, mas no sentido de saber que você me ama. Eu preciso de você mesmo inseguro, confuso, nunca sabendo o que esperar de mim, mas esperando. Preciso de você me olhando como se eu fosse a última visão da sua vida, como se eu fosse preciosa. Preciso do seu ciúme, dos seus conflitos, suas imperfeições. Preciso saber que você quer morar em mim, habitar meu coração e que você deu a chave do seu para mim. Não importa quais sejam os muros que tenhamos transpor, importa que a gente pule. Depois de perceber que a vida é uma fração que pode acabar amanhã tive certeza de que não quero cometer os mesmos erros, que tanta vaidade e orgulho não levam a nada, que medo e comodismo podem afundar nossa vida sem que se perceba. Preciso, mas preciso muito brigar com você durante meus azedumes e, em seguida, olhar para seu rosto e sorrir, como um pedido de desculpa e que você não resista. Preciso do seu abraço hoje, agora, que meu coração sente uma dor que não é a dele, mas é a de muitos.
Não quero ser lembrada pelas festas que frequentei ou pelas marcas de cerveja que conheço. Como no livro de Nicholas Sparks, o Diário de uma Paixão, quero ser lembrada como alguém que amou muito e foi igualmente amada por uma pessoa. Dinheiro e patrimônio nenhum se leva ao caixão, mas as experiências e sentimentos profundos que despertamos e sentimos são nosso único tesouro. Por isso, preciso amar e ser amada por você. Não como a única razão da minha vida, sabe muito bem que me banco solteira mesmo, não preciso de um homem para que eu seja alguém. Minha identidade não está atrelada à uma relação. Se preciso de você é porque quero deixar que toque minha vida também. Aliás, se enxergar um brilho de alegria em meus olhos quando lhe ver, mesmo que eu sapateie, seja analítica, crítica em excesso e tenha essa mania triste de ser opinativa sem necessidade, arrombe a porta. Dê um chute, roube um beijo e me leve com você, vou dar várias desculpas, meus pais, o cachorro, as amigas o escambau. Nem escute. Cale minha boca com outro beijo e mande, mande mesmo que eu aprenda a ficar quieta. E me beije de novo, por favor, me beije muito. E sempre.
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