Houve um tempo em que acreditava nessa balela de homem da vida de uma mulher, mulher da vida de um homem. Que havia uma pessoa destinada para nós e que seria o amor da minha vida, da sua vida, que marcaria para todo o sempre e que se morresse nos encontraríamos em algum lugar do universo. Que bobagem! Escutei isso de um amigo, dia desses em que ele falou da ex como a "mulher da vida dele" e pensei que não há um "homem da minha vida" e nem haverá. Como assim, não haverá? Oras, EU sou a pessoa da minha vida, eu sou o ser humano mais importante para mim que conheço, simples. Eu sou importante demais para deixar alguém me usurpar o direito da tentativa, o direito a um encontro de bocas, corpos e pensamentos. Pertenço a mim e a mais ninguém, a nenhum homem darei o poder de ser dono absoluto de meu coração. A não ser que seja meu filho, lógico. E a mulher da vida de um homem deve ser sua filha. É no que acredito.
Saber que o passado é uma roupa que não nos serve mais é libertador. Livra a mente e o corpo de sofrimentos desnecessários, de expectativas infundadas, de uma sucessão de erros afetivos, de desencontros. Liberar o coração para o que virá é custoso, difícil, mas vale a pena. Podemos nos liberar enquanto estamos na relação ou muito tempo depois. Entender que a saudade é, na maioria das vezes, de quem éramos com a pessoa, do que sentíamos, faz perceber que outra criatura bípede humana e pensante pode proporcionar emoções tão poderosas quanto ou até mais. Essa percepção desperta a fé na vida. Há esperança para quem chutou ou foi chutado de uma relação, há uma possibilidade enorme de haver outro alguém dobrando a esquina e que será tão ou mais importante que a criatura anterior, tão ou mais intensamente presente do que quem veio anteriormente. Mas, para isso, há a necessidade de limpar a mente e o coração para esse alguém, deixar uma porta ou fresta aberta em sua vida para essa experiência ímpar, arriscada e incerta.
Tarefa difícil, dirá você. Será? Será que o que sente é apego, está agarrado ao passado com medo do futuro? Enquanto isso o presente tende à entropia, aos abusos emocionais, desencontros. Você evita de pensar, avaliar a situação, compreender seus sentimentos e mergulhar fundo em você mesmo. Válvulas de escape podem ser sentimentos. Lógico que acredito em reencontros, mas conheci um único entre tantas pessoas que se conheceram e se abandonaram. Quem prossegue e tenta, se abre, é mais feliz e em paz do que os apegados ao passado. Perceber os erros cometidos nas relações anteriores, os abusos que permitimos cometerem conosco faz desabar uma infinitude de questionamentos e descobertas. Mas vale a tentativa, eu passei por isso mais de uma vez em minha vida e sobrevivi com ganhos consideráveis na autoestima e no autoconhecimento. Perceber que tentei e não desisti ainda de ter uma parceria afetiva (e bem carnal) superior as anteriores (que também foram boas, intensas) dá um orgulho enorme de mim. Saber que consegui limpar meu coração faz um bem danado. E que não exista o "Homem da minha Vida", mas o que ESTÁ em minha vida e que pode decidir e desejar permanecer por toda ela, simples assim. Ainda tenho meus medos, minhas ansiedades, meus traumas. Mas não desisti de encontrar o meu Estranho, o meu Imperfeito. E nos veremos em breve, eu sei.
publicado originalmente em http://www.aenergy.com.br/coluna_completa.php?idColuna=64
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