Pular para o conteúdo principal

Felicidade é paz de espírito



Perguntaram se sou feliz, (afinal, alguém azeda e que não usa máscaras não poderia ser feliz, correto? ah, sem um macho a tiracolo, pobre da solteirona) e respondi que sim. Se me abato em alguns momentos, se tenho vontade de cuspir na cara sonsa duns e dumas tipos aí, se enfrento a realidade todos os dias, se entristeço e repenso minhas escolhas significa apenas que estou viva. Caso fosse infeliz, não suportaria o que suporto e já estaria dopada de medicamentos. Felicidade é paz de espírito, para mim e isso eu tenho. E, principalmente, sou feliz por ser fiel a mim, aos meus princípios e sentimentos. E isso não tem preço.

Quantas pessoas podem afirmar o mesmo? Quantas podem dizer o que realmente querem, que seus desejos não sejam objetos, mas subjetivos?  Tive fases bem pesadas, em que chorar era rotina (essas fases são cíclicas), tive fases em que realmente desejei morrer, em que gostaria de sumir, de dormir e não acordar mais. Mas sobrevivi a mim, sem medicamentos tarja preto e com muita reflexão, ponderação e auto-questionamento. Então pergunto: você é capaz de enfrentar tempestades e ainda assim permanecer feliz?

Percebo que há uma confusão entre felicidade e euforia, que ser feliz ainda está associado a ter coisas, estar em um relacionamento sexual/afetivo, possuir algo ou alguém, viajar pelo mundo, ganhar muito dinheiro e não enfrentar dificuldades. Daí, pergunto: quantas pessoas que conhece e tem ou fazem tudo isso e que são felizes genuinamente, que não sucumbem na primeira dificuldade ou obstáculos, que não se entopem de tarja preta quando tomam um pé na bunda? Quantas pessoas você conhece que enfrentam a vida e a tormenta de peito aberto, sem quebrar? 

Gente que se diz moderna e cabeça aberta é incapaz de me ver como alguém feliz. Saca só, vou ensinar algo: sou e penso fora da caixa, rebeldia é meu nome do meio. Nunca quis ser mãe ou casar, sequer passei perto do altar e não morri por causa disso. Tenho uma imensa capacidade de fazer e cultivar amizades, pelo jeito, de incomodar outrem que vive fechado e ou fechada em um mundo repleto de paradigmas e convicções toscas, que não rompe que suas amarras e evolui. Para esses, o que faço, quem sou e, principalmente, por me assumir mulher que pensa e não tem medo de pensar, é péssimo. Na verdade, sei que minhas atitudes são meio que um advogado do diabo para essa gente, que sente remexer algo dentro de si quando me ouve ou lê. E esse algo incomoda.

Enquadrar nesse mundo Matrix, onde as marionetes agem sempre pensando no que os outros pensam sobre, sobre o julgamento alheio, não é para mim. Já parou para pensar quem eram as mulheres sufragistas? As mulheres que enfrentaram sérias dificuldades e venceram? Elas eram como você, mocinha bonitinha e perfeitamente máquina, que se importa mais com os outros do que consigo? Repense sua vida, amiga e amigo. No momento em que alguém como eu é um problema, o problema é você, que não consegue ver seu reflexo em mim. Por favor, entenda, não sou seu espelho e nem pretendo ser.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eu em mim

Eu estive aqui ontem. Hoje, sou outra a surgir. Eu estive aqui há um mês. Hoje, não quis voltar a dormir. Eu estive lá há um ano. Voltei agora e eu não sou o mesmo lugar. Eu me apaixonei há quatorze meses. Hoje, sou outra e não amo. Eu amei profundamente há três anos. Hoje, lembro com um afeto intenso, mas é outro o coração que pulsa. Eu me namoro hoje. Há oito meses queria morrer. Não sou a mesma em mim, mas somos as mesmas em processo de mudança. A Claudia melancólica, a Claudia fechada, a Claudia vibrante, a Claudia sombria, a Claudia falante. A Claudia quieta. A Claudia poeta. A Claudia que é a água de um rio, o sopro do vento, a chama da vela e a floreira da orquídea. A Claudia que me habita e a quem amo muito. A desesperança e o desânimo são intangíveis e impermanentes.  Meu amor por mim é árvore, que cresce um pouco todos os dias. Sou eu em mim, na mudança do hoje e do amanhã.

Manual da TPM para homens

Caro Homem Moderno, você precisa de umas dicas para sobreviver à nossa TPM. Sabemos que, para você, é uma verdadeira odisseia passar seus dias e noites com uma mulher que oscila de humor e atitude ao menos uma vez por mês. A primeira delas é: tenha juízo e caia fora. Mantenha distância absoluta, ainda mais se você não for o tipo de cara que sabe lidar com diferenças. Já entendi que você ignorou meu primeiro conselho, então, não reclame. Deixou de lado o bom senso e permaneceu por perto de uma mulher em TPM. Apesar do meu aviso, resolveu ficar ali, cuidando e acariciando sua linda amostra do Apocalipse. Para que você consiga passar indefinidamente por esse período com o mínimo de danos, recomendarei algumas atitudes muito salutares (ao menos para você). Entenda o princípio  de tudo. Sofremos todos os meses um bombardeio hormonal a fim de ovularmos e, posteriormente, menstruar. Não é fácil a tempestade emocional de uma mulher, afora os eventuais desconfortos físicos, como cól

Meio ogra, inteira sua

Poderia me descrever de várias maneiras, exaltar minhas qualidades e fazer você acreditar que sou a Branca de Neve esperando pelo seu príncipe, o que não é verdade. Para começar, digo a você que sou meio ogra, grossa e desastrada, que ando avoadamente nas ruas e, algumas vezes, quase fui atropelada. Posso comentar, inclusive, sobre minhas TPMs ferozes e que não saberá se chorarei ou terei raiva de alguma situação. Mulher-Iceberg, tenho um coração que se derrete mas que também congela. Impulsiva quando o sangue ferve, quando resfria vem a calma e o arrependimento. Não pergunte o que sinto, perceba quem sou. Observe minhas janelas verdes e saberá cada nuance das minhas emoções e onde escondo os sentimentos, siga meus passos e descobrirá a caverna escura onde me escondo. Posso afirmar que gosto de gente, mas adoro ficar sozinha. Gosto de cuidar dos outros, mas preciso e muito que cuide de mim. Não uso biquíni, não viu à praia, não gosto de areia e não me bronzeio, embora, mo