"Na
pauta dos revolucionários são pontos a causa dos negros, a luta contra o racismo, a
briga pelas cotas como direito a reparação pela escravidão, a luta contra os
estereótipos de beleza e a valorização da beleza negra, os cabelos afros, os black powers; e que só ser considerada bonita se
for loira de olhos azuis ou morena com cabelos lisos é um preconceito. É sabido que muitos homens se relacionam com negras e, tempos depois, ficam noivos e casam com as brancas, ou brancas e magras, como
que para ser aceita como mulher e mãe de seus filhos tenha que ser assim. Mesmo não sendo magra, deve ser branca, mas sobre esse fato não vejo muita
gente comentando e merece muita reflexão, principalmente por parte dos que se
dizem revolucionários. De
qualquer forma, o que se fala não é o que realmente importa. O que importa é o
que se faz.
Negras
se casam? Sim! Com outros negros e com brancos também. Por isso existem as
mulatas. Mas
o que isso tem a ver com os que se dizem revolucionários? Simplesmente
os revolucionários, que pregam tudo isso, que criticam, que ficam gritando nos
nossos ouvidos, namoram exatamente aquelas com estereotipo europeu. “Ah!
Mas o cara se apaixonou?” Por favor! Me poupem! O
Brasil é um país com maioria negra, mas eles se apaixonam só pelas brancas? Estou
falando dos revolucionários brancos, tá gente?
Eu
não quero saber o que pensa a elite sobre isso, nem o que os boçais pensam
sobre isso. Desses eu não espero uma reflexão coerente, não espero uma auto
crítica. Eu quero a reflexão e a auto crítica do revolucionário branco, que
convive com negras lindas , guerreiras, inteligentes, mas só se apaixona pelas
brancas que se parecem com as da capa das revistas e tem o estereótipo europeu. Era
exatamente assim na época da escravidão. O Senhor se apaixonava pela beleza da
escrava, achava ela atraente, mas casava com a branca. Ah!
Esse nem vou criticar. Escravocratas eram assim , da mesma forma como a elite
é. Um
branco da elite hoje em dia namora e casa com negras? Claro! Mas na maioria das
vezes, a regra mesmo, é que ela seja famosa ou famosinha, modelo também pode
ser.
Sabe
o que eu queria? Ver os camaradas pararem de fazer discurso hipócrita. Para
convencer, colocar em prática a ideologia é melhor do que qualquer discurso. “Ah!
Mas você não está generalizando?” Não! Estou não! Conheço
(e conheço muitos mesmo) que se dizem humanistas e revolucionários mas na vida
real são exatamente como a elite e como os boçais que eles mesmos criticam. Em
toda regra existe uma exceção, então, vão aparecer vários mostrando suas
namoradas e esposas negras, mas a maioria dos revolucionários brancos se casam
com brancas. “Ah! Mas me apaixonei!” Claro! Elas são o estereótipo que a
sociedade até hoje acredita ser o aceitável e você faz parte dessa sociedade
hipócrita e m muitas coisas ainda pensa como ela apesar de querer parecer ser
tão diferente. Motivo
pelo qual podemos ver tantas negras namorando e casando com os gringos. “Ah!
Mas tem muito gringo racista!”
Tem
um monte mesmo! Aliás, uma maioria. A diferença é que eles não são hipócritas,
eles se assumem racistas e o texto está falando exatamente de hipocrisia, mais
do que de racismo. Os
gringos que não são racistas conseguem ver beleza na mulher negra, a exterior e
a interior, assumem essas mulheres como esposa e mãe de seus filhos. Demorei
muito pra escrever sobre isso porque tem um ar de recalque, né? Mas não é. É
apenas a constatação de uma realidade. Viajem pelo mundo e vejam mulheres negras sendo amadas por negros e brancos em todos
os lugares, onde, inclusive, elas são uma minoria, como na Europa. Tá
ficando feio ver o discurso do revolucionário hipócrita que fica postando no
Facebook que levanta a bandeira da negritude, mas desfila com uma branca, com
cabelos lisos e pesando 49 kg pq é modelo ou atriz.
“Ah!
Como vc teve coragem de falar todas essas coisas? Você está julgando as
pessoas!” Não! Não! Isso foi constatação . E olha que não estou falando por
mim, primeiro pq nunca não ando por aí me apaixonando por revolucionários. Me
apaixonei, uma vez , por uma anarquista e que me assumiu mesmo tendo uma
família racista. Já fui casada, e ele é loiro, mas a questão é que ele não era
revolucionário, sabe? Ele era (ainda é) capitalista. Sabe o que significa
racismo introjetado, velado? Então! Isso é intolerável, mas é ainda mais tosco
quando vem de alguém que fica levantando bandeiras pra se promover, pra dizer
que “ideologia, eu quero uma pra viver!”.
Bem,
sintam-se ofendidos os que vestiram a carapuça . Aos demais , que levantam a
bandeira da humanismo que tem relação direta com o amor, deixo minhas saudações
humanistas. Seria bom mesmo que uma revolucionária branca tivesse escrito esse
texto. “Ah! não né?! Tinha que ser uma mulata, afro descendente mesmo, pq o
olhar é outro, a percepção é outra”. Seja
humanista, seja contra o racismo, seja a favor do amor em todas as suas formas,
mas não seja hipócrita. A hipocrisia é uma das coisas mais abomináveis da face
da terra. Lembrando, mais uma vez, que esse texto é dedicado aos que se dizem
revolucionários. Se você assim não se apresenta, ou se é um boçal, não precisa
se sentir ofendido, pq de você eu não espero nada além da ignorância. Mas do
revolucionário eu espero atitudes . Sem a prática o discurso é vazio e não
convence ninguém além dos idiotas."
Ah, a Revolução não se anuncia, babe, ela se faz. Esses que se intitulam revolucionários, dificilmente o são. E a Revolução é uma roda que deve girar sempre. Não deve ser só troca de poder...
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