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Se homem dá trabalho, quero mais é passar muito trabalho!



Passar trabalho, você já ouvir essa expressão. E que ter um homem dá trabalho, você também já escutou. Eu já emiti esse juízo há anos atrás. Hoje, meu pensamento está distante desse, acredito que não funciona bem assim. Mas como sou mutante e, graças aos céus e a minha natureza eternamente renovável e imprevisível, nos dias de hoje afirmo categoricamente, em juízo perfeito, que, se homem dá trabalho, quero um carregamento do trabalho que ele possa dar. E não penso em homem o tempo todo, ao contrário,  mas também não os considero causadores de todo mal do mundo. Observo algumas amigas e conhecidas e seus velhos e mofados chavões de que homem não presta, viajar com eles é incômodo na certa, sair com um é dor de cabeça, blábláblá. Como disse Tati Bernardi no texto ataque de doçura (desculpem, amigas) isso é conversa de baranga que não trepa. Ou tem trepado muito mal com algum imbecil que, em desespero, catou pela rua. É amiga, acho que você precisa rever seus conceitos...

Eu pensei nesses juízos de valor fajutos e percebi que minhas decepções e incômodos estão mais ligados à vida em si e suas circunstâncias nem sempre auspiciosas do que a um par de calças, mesmo que charmoso. Posso até passar por turbulências momentâneas, mas sempre estabilizo. Até hoje, o único grande incômodo que tive com um homem foi um ex-namorado inconformado com o fim da relação (relação essa que ele mesmo se esforçou para que acabasse). Nada nesse mundo me abala mais do que problemas familiares ou decepções com a superficialidade e egoísmo (inveja, por quê não?) de pessoas a quem chamei de amigos. Algumas amigas ou amigos eu compreendi que estavam em uma fase difícil e perdoei sem problemas, outras percebi que há motivações escusas em suas manifestações e os deixei devidamente guardados no passado, embora ainda possa dar a entender que permaneço amiga (mas não nos mesmos termos). A vida tem esquinas e esquinas, é injusto eu perder meu tempo e formar rugas com um pé na bunda ou com um cara que fiz de tudo para que ele fugisse de mim, enquanto, na verdade, queria mesmo é que ele ficasse comigo. Por isso, afirmo para você, amiga minha: menos amargor nesse coraçãozinho, expanda seus horizontes, reveja sua vida. Pode viajar até a China ou Japão, carimbar um passaporte ou mudar de cidade de tanto em tanto tempo, se não aprende a se conhecer e aprofunda seu mergulho nos medos que travam sua vida, nada, mas nada mesmo, será diferente. Digamos que até pode ser sim, o que mudará é o nível de amargura e falta de vitalidade, que atingirá níveis cada vez mais altos.

Homem dá trabalho? Dá sim, principalmente se é seu irmão mais velho com mania de guardião da sua (inexistente, ufa!) virtude, o irmão pentelho e caçula que vigia seus passos o tempo todo para entregar suas estripulias, o pai mais velho e ranzinza que reclama sempre, o amigo gay que nunca decide com qual roupa incrível vai sair na noite, seu amigo que passa o rodo na noite e lhe abandona em casa sem avisar "hey, vou comer alguém nessa noite, não leva a mal", o irmão gato da sua amiga e que não tem coragem de chegar em você, seu ficante, namorado ou marido que não esclarece exatamente quais são suas inseguranças, sem falar no filho repetindo milhões de vezes "manhê", enfim, uma infinidade de homens diferentes e que estão em diferentes níveis de relação em sua vida lhe dão muito, mas muito trabalho. Se acrescentar seu chefe mala sem alça, então, a lista vai à estratosfera. Percebe? homens e mulheres dão muito trabalho a ambos os sexos, em várias fases da vida e em diferentes circunstâncias. Pessoas são diferentes e lidam com a vida de maneiras diversas da sua, simples assim.

Essa mania triste de afirmar que o incômodo e atrapalho na vida de alguém está ligado ao sexo oposto é de um reducionismo tacanha e obtuso. Esse perspectiva de que só estando acompanhada(o) é que a felicidade será plena é uma falácia. Claro que quero ter uma relação legal, com um cara que faça sentir uma liberdade imensa em estar com ele, mas se não acontece, paciência. Tem tantas pessoas legais para beber um chimarrão, uma cerveja ou jogar conversa fora sem que, necessariamente, exista um envolvimento sexual ou amoroso. A vida é uma maravilhosa caixinha de surpresas, algumas más, mas outras tantas boas, muito boas. Felicidade é um estado de espírito independente de dinheiro, relações ou realizações. É preciso estar preparada para a felicidade, que é simples e de graça, ainda bem. Mas, que, em várias fases da vida, minha felicidade esteve ligada ao convite para ir fazer compras no mercado com meu pai, brincar de acampamento com meus irmãos ou beijar na boca o homem que me tira do ar e do sério, esteve sim. Mas não eram as pessoas, sempre fui eu quem quis ser feliz sem gritos ou escândalos. Sou feliz porque existo e sei que para algumas pessoas eu fiz e faço a diferença. Então, amiga, se homem dá trabalho, quero vários carregamentos desse trabalho adorável que tem permeado minha vida em todos esses anos. 

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