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Desconheço a autoria, se alguém souber de quem é, por favor, deixe nos comentários. |
Eu bebo, você sabe, tem vezes que um camelo teria inveja de mim. Você é menos afeito aos tilintares das taças, mas aprecia meus dons em saborear uma boa bebida e saboreá-la com você. Me aprecia, que eu sei bem, quando baixa sua guarda e me olha com tanto medo e carinho, eu sei. Sei você, saco você, aprecio você, quero você. Mas suas atitudes me fazem recuar e desconfiar do que vi, vivi e sei. Me afasto mansamente por raiva, insegurança e porque não se esforça tanto assim para merecer meus sentimentos. Meti na minha cabeça que esse afastamento é para valer, que dessa vez não terei recaídas e atrairei você novamente. A bebida, no entanto, me trai, essa pérfida. Cada gole a mais desanuvia minha decisão e dá voz a minha saudade.
Então, ontem bebi muito, bebi tudo e em cada gole meu coração se enchia de saudade e de vontade. Mais uma vez, procurei seus pedaços em algum inteiro, felizmente, não encontrei, meu estado etílico inviabilizaria qualquer experiência legal. A noite e a festa perderam a graça, na verdade, uma terna esperança de que saísse do seu recolhimento voluntário para ver gente (me ver) assolava meu peito. Procurei você em cada cabelo castanho, em cada braço tatuado, tudo de novo. Havia jurado que não o procuraria mais, que a bagunça que me causa estava afastada. Havia recuperado a posse do meu coração ou era isso que menti para mim. E o procurei novamente, após meses de sua fuga. Esse pingue-pongue tem que acabar, essa ressaca de saudade que invadiu meu estômago, fígado e mente de um domingo ensolarado revelou que a minha racionalidade está em guerra com meu coração. Há uma voz que grita dentro de mim lhe chamando. Cheguei a sentir sua mão em minha cintura, sua pele queimando a minha, sua respiração em minha nuca. Foi um sonho acordada.
Talvez seja melhor me manter distante, não sei ou talvez seja melhor chamá-lo de volta, não sei. Sei lá, talvez mesmo, seja melhor ficar aqui, nessa minha caverna que está localizada na minha ilha distante, onde não permito que ninguém construa uma ponte para acessar. Manter distância das bebidas, ultimamente elas desconsolam mais. Nem onde antigamente encontrava abrigo e sublimava minhas dores de cotovelo, minhas saudades, minhas vontades tenho tido sorte. Talvez, sabe, seja isso, me convenço de que estou rendida a você. De que passei atestado de propriedade para seu nome. De que, para minha sorte ou azar, seja você aquele que me roubará de mim.
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